terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Cry to me - Parte II



"Well nothing can be sadder than a glass of wine, alone
Loneliness, loneliness, it's such a waiste of time... "


("Cry to me", música original de Salomon Burke interpretada lindamente por Duffy, trilha sonora do clássico dos clássicos Dirty Dancing, meu vício...)

Uma dúzia de coisas que fazem feliz...



(Imagem: luvluvluv)

Mãe fazendo macarrão, filme antigo na televisão, aprender a dizer não...
Arrumar um emprego, exercitar o desapego...
Flor recém colhida, concordar com a vida, sentir que nada te intimida...
Vinho na cama, ouvir alguém dizer que te ama...
Ver a vida diferente, curar a dor da gente...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ser rio, ser água...




Imagem: Sidney Lace

O tempo que eu perdi, só agora eu sei
aprender a dar, foi o que ganhei
e ando ainda atrás, desse tempo ter
pude não correr, e ele me encontrar

(...)

O rio fica lá, a água é que correu

chega na maré, ele vira mar
como se morrer fosse desaguar
derramar no céu, se purificar.


(Evaporar - Little Joy)

Sacudindo



Foto: Sjarrett

"Os melhores sacudidores de palavras eram os que compreendiam o verdadeiro poder delas. Eram os que conseguiam subir mais alto. Um desses sacudidores era uma menininha magricela. Ela era famosa como a melhor sacudidora de palavras de sua região, porque sabia o quanto uma pessoa podia ficar impotente sem as palavras. Por isso, ela se mostrava capaz de subir mais alto que qualquer outra pessoa. Desejava as palavras. Tinha fome de palavras."

Markus Zusak

sábado, 23 de janeiro de 2010

Fronteiras


(Imagem: Luv luv luv)

Ele a olhou com a profundidade de antes e nada disse. Ajeitou os cabelos dela atrás da orelha e respirou fundo. Era a vontade dele somada à dela.
"Antes eu queria trancar... agora quero ser trancado..."
As lágrimas escaparam dos olhos dela e rolaram para os dele. Ele, que não chorava, agora se aninhava no colo dela buscando paz entre lágrimas furtivas. Ela sabia o que aquilo significava: "Você é tão meu..." E se olharam, como se aquilo fosse a resposta para suas dores.
E perceberam que haviam ultrapassado fronteiras...
Das palavras mal-ditas ao amor declarado.
Do olhar desviado ao encontro.
Da incerteza à verdade confessa.
Do desconhecido às lágrimas inesperadas.
Da indiferença aos nomes das crianças.
Da negação aos planos compartilhados.
Do sem-rumo ao resgate.
Do conformismo ao ciúme.
Da distância às mãos enlaçadas.
Do silêncio aos segredos revelados.
Do abandono à sensação de nunca ter partido.
Do que foi evitado ao que tomou forma.
Da dor à cura prometida.
Do amor de antes ao amor de sempre.

Cry to me




- You're not scared of anything!

- Me? I'm scared of everything. I'm scared of what I saw, I'm scared of what I did, of who I am... Most of all I'm scared of walk out of this room and never feel for the rest of my whole life what I feel when I'm with you...
- ...

- Dance with me?

- Here?

- Right here!
 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Concordância




segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Pouso



Ela queria aquele amor macio e estranho, sem garantias de ser para sempre.
Ela queria aquele amor de hoje.
Queria amar com liberdade, embora desejasse o desejo de pertencer.
Ela queria amar para sempre e para sempre ser amada, mas não buscava a promessa – não era ali que morava o para sempre.
Ela, que era invisível. A vida em volta continuava a mesma, mas ela sempre voltava...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Isadora



Descalça, despida, envolvida apenas pela bandeira argentina, Isadora dança o hino nacional.

Comete esta ousadia numa noite de 1916, num café de estudantes de Buenos Aires, e na manhã seguinte todo mundo sabe: o empresário rompe o contrato, as boas famílias devolvem suas entradas ao Teatro Cólon (...)
Isadora não entende nada. Nenhum francês protestou quando ela dançou a marselhesa com um xale vermelho como traje completo. Se é possível dançar uma emoção, se é possível dançar uma idéia, por que não se pode dançar um hino?
Liberdade ofende. Mulher de olhos brilhantes, Isadora é inimiga declarada da escola, do matrimônio, da dança clássica e de tudo aquilo que engaiole o vento. Ela dança porque dançando goza, e dança o que quer, quando quer e como quer, e as orquestras se calam frente à música que nasce de seu corpo.

(Adapt. Eduardo Galeano)

Em festa



Nem máquina, nem culpa. Ele, meus senhores, é uma festa, já dizia meu amigo, Galeano... Convido quem quero e festejo como bem entender...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Crianças do topo da árvore - A Resposta


quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Crianças do topo da árvore



"Dentro dessa concha existe uma pérola..."

P.S.: Quem definiu os limites entre o que é normal e o que não é?

 Imagem : http://www.cyh.com/, ilustração feita por criança portadora da Síndrome de Asperger.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Conclusões

Há mais a ser dito sobre o amor do que se pode imaginar. Dizem que nada é para sempre e eu concordo plenamente. Mas há exceções como em toda regra. Não acredito que se possa amar uma única vez na vida, mas há amores que são pra vida inteira. Essa é outra exceção, mas essa é à minha regra.
Amar é sofrer, mas há amores que curam feridas. Amar é estar em estado de graça, mas não ser correspondido não chega nem perto disso. Exceções à regra também.
Só se aprende a amar amando. Só se ama de verdade quando se permite ser amado. Não há exceções a essas regras.

A Busca

Quando ele viu o remetente não pode acreditar. Olhou mais algumas vezes seguidas para certificar-se de que seus olhos não o estavam enganando. Era ela. Passou mais de meia hora admirando seu nome em estado de choque sem conseguir descobrir seu conteúdo.
Encheu-se da coragem que outrora havia perdido e abriu. Seus olhos mal podiam acreditar no que estava vendo. Era um pedido de desculpas, uma confissão e um desejo de felicidade sem ela. Ele riu, nervoso. "Felicidade sem ela?", pensou.
Um desejo absurdo invadiu seu coração. O desejo de vê-la intensificou-se. Durante todos esses anos ele quis procurá-la, mas teve medo. Continuou com sua covardia à frente de seus desejos mais profundos como naquela noite em que tentou pedir desculpas em vão. Mas era ela quem o havia procurado. Seu corpo foi tomado pela culpa. Mais uma vez ele fora surpreendido pela iniciativa alheia. Mais uma vez suas certezas foram por agua a baixo. Pela segunda vez ele era perdoado sem ter conseguido pedir desculpas por tudo o que lhe fizera sentir culpado a cada minuto de seus dias.

Buscou o telefone da casa dela na velha agenda de telefones e discou. Para sua supresa e certo alívio, quem atendeu foi a mãe dela que já não recordava a sua voz. Tantos anos, tanto tempo. Ela não estava em casa e ele resolveu deixar o seu telefone pedindo que ela ligasse não importando a hora. E que horas! O relógio parecia ter se voltado contra ele e sua revolta contra o tempo já era ridícula quanto seu telefone tocou. Ele reconheceu o número. Seu coração disparou. Do outro lado da linha, a mesma voz de sempre da menina escondida no quarto dos pais procurando coragem pra falar com aquele que também não havia mudado nada: nem a voz, nem o sorriso nervoso ao falar no telefone e muito menos seus sentimentos por ela. Mas ela ainda não sabia disso e ele achava que poderia passar por cima disso. Na conversa de pouco mais de um minuto, marcaram de se encontrar no dia seguinte para que tudo fosse dito pessoalmente. Ele não dormiu naquela noite. Ela até dormiu, mas teve sonhos que há algum tempo não tinha e acordou sorrindo...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Pelo começo ou pelo fim?



Uma palavra baixa, um palavrão e uma tentativa de resposta em vão. Ela sabia porque a dissera e ele sabia bem porque a ouvira.


As últimas palavras proferidas por ela ressoariam nos ouvidos dele por longos anos e ficariam atormentando-a pelo mesmo período. Mesmo depois dos novos "amores", da nova vida e do novo rumo traçado pelo destino de cada um. Ainda assim as marcas daqueles poucos segundos permaneceriam insolúveis no peito de ambos.

A raiva, a dor e a incerteza de um misturando-se à impotência, o medo e a fraqueza do outro. Tudo isso colaborara para aquele suposto final. Mas não houve final. Nem um dos dois teve a coragem de dizer que era o fim.


Ficaram as palavras e elas falaram pelo calor do momento. Não houve acordo, não houve choro, nem briga. Foram apenas as palavras mal-ditas e o gosto amargo-doce de amor e ódio que marcaram a data, a hora e o local para sempre.

Ele ficou. Foi ela quem entrou no carro e se foi, não desejando mais voltar. Pelo menos não naquele momento.

Inquieta

A princípio, eles pisotearam a grama de nosso jardim e roubaram-nos as flores.
Nós não dissemos nada.

Logo, sem que percebessemos, invadiram nossas casas, sentaram-se à mesa e tomaram nosso café.
E, mais uma vez, nós não dissemos nada.

Quando menos esperávamos, eles roubaram nossos filhos e fizeram o que quiseram com nossos rebentos... E porque nunca havíamos dito nada antes, não pudemos dizer nada agora.



(Botticelli)

P.S.: Um feliz 2010 cheio de inquietação e vazio de comodidade para cada um de nós...