O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa
era a imagem de um vidro mole que fazia uma curva atrás da casa.
Passou um homem e disse:
Essa volta que o rio faz por trás da sua casa se chama enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro
que fazia uma volta atrás da casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.
(Manoel de Barros)
segunda-feira, 19 de julho de 2010
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Ausência
"Por muito tempo achei que ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém rouba mais de mim."
("O corpo" de Carlos Drummond de Andrade)
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém rouba mais de mim."
("O corpo" de Carlos Drummond de Andrade)
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