terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A Busca

Quando ele viu o remetente não pode acreditar. Olhou mais algumas vezes seguidas para certificar-se de que seus olhos não o estavam enganando. Era ela. Passou mais de meia hora admirando seu nome em estado de choque sem conseguir descobrir seu conteúdo.
Encheu-se da coragem que outrora havia perdido e abriu. Seus olhos mal podiam acreditar no que estava vendo. Era um pedido de desculpas, uma confissão e um desejo de felicidade sem ela. Ele riu, nervoso. "Felicidade sem ela?", pensou.
Um desejo absurdo invadiu seu coração. O desejo de vê-la intensificou-se. Durante todos esses anos ele quis procurá-la, mas teve medo. Continuou com sua covardia à frente de seus desejos mais profundos como naquela noite em que tentou pedir desculpas em vão. Mas era ela quem o havia procurado. Seu corpo foi tomado pela culpa. Mais uma vez ele fora surpreendido pela iniciativa alheia. Mais uma vez suas certezas foram por agua a baixo. Pela segunda vez ele era perdoado sem ter conseguido pedir desculpas por tudo o que lhe fizera sentir culpado a cada minuto de seus dias.

Buscou o telefone da casa dela na velha agenda de telefones e discou. Para sua supresa e certo alívio, quem atendeu foi a mãe dela que já não recordava a sua voz. Tantos anos, tanto tempo. Ela não estava em casa e ele resolveu deixar o seu telefone pedindo que ela ligasse não importando a hora. E que horas! O relógio parecia ter se voltado contra ele e sua revolta contra o tempo já era ridícula quanto seu telefone tocou. Ele reconheceu o número. Seu coração disparou. Do outro lado da linha, a mesma voz de sempre da menina escondida no quarto dos pais procurando coragem pra falar com aquele que também não havia mudado nada: nem a voz, nem o sorriso nervoso ao falar no telefone e muito menos seus sentimentos por ela. Mas ela ainda não sabia disso e ele achava que poderia passar por cima disso. Na conversa de pouco mais de um minuto, marcaram de se encontrar no dia seguinte para que tudo fosse dito pessoalmente. Ele não dormiu naquela noite. Ela até dormiu, mas teve sonhos que há algum tempo não tinha e acordou sorrindo...

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