segunda-feira, 13 de julho de 2009

Vício

Ler há muito deixou de ser um lazer e passou a ser mais que uma necessidade. De fato, para mim, ler é um vício desses que não se tem vontade de deixar.
Minto. Às vezes reclamo desse vício, especialmente quando passo parte das noites em claro, devorando o livro para que acabe logo. E depois do fim vem a ressaca: momentos divididos entre a alegria de chegar ao final da história e a tristeza de quem perde um amigo querido.
Ler me tornou curiosa, sedenta. Ler me tornou, ora autora, ora personagem das histórias que li e das que ainda não estão no papel.


(Imagem: Frederick Leighton)


“Ela deixou cair o livro.
Ajoelhou-se.
A roubadora de livros uivou.
Seu livro foi pisoteado várias vezes quando começaram a limpeza e, embora tivesse havido ordens de que se limpasse apenas a confusão de concreto, o objeto mais precioso da menina foi jogado num caminhão de lixo, e foi nesse ponto quer me senti obrigada. Subi na caçamba e peguei com minha mão, sem me dar conta de que o guardaria e olharia milhares de vezes, ao longo dos anos. Observaria os lugares em que nos cruzássemos e me deslumbraria com o que a menina viu e a maneira como sobreviveu. Isso é o melhor que posso fazer – ver aquilo se encaixar em tudo o mais de que fui espectadora naqueles tempos.
Quando me lembro dela, vejo uma longa lista de cores, mas são as tre em que a vi em carne e osso que tem mais ressonância. Vez ou outra, consigo flutuar muito acima daqueles três momentos. Fico suspensa, até que uma verdade séptica sangra para a realidade.”(“ A menina que roubava livros “de Markus Zusak)

Por esses dias, depois de me aventurar pelos campos de Auschwitz com “O menino do pijama listrado”, resolvi não mudar de ares e permaneci na Alemanha Nazista da década de 1940 e me coloco ao lado daquela que pretende mostrar as dores desse período através de sua “carreira ilustre” como roubadora de livros. Qualquer semelhança é mera coincidência.

Um comentário:

Isa disse...

Sofro do mesmo vício, mas com uma bebé de 9 meses tive que me acalmar um pouco.

Um abraço,

Isa