sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Ela


(Imagem: George De la Tour, Maria Madalena, 1638)

Jerusalém
Setembro de 1997

"Quando a massa em movimento chegou mais perto, ela viu a mulher pela primeira vez. Uma ilha solitária e serena no meio do caos, era uma das poucas mulheres na multidão... mas não era isso que a tornava tão diferente. Era o seu comportamento, uma atitude imponente, que a distinguia como uma rainha, apesar da camada de poeira que cobria-lhe as mãos e os pés. Estava um pouco desgrenhada, os cabelos castanho-avermelhados lustrosos presos parcialmente por baixo do véu escarlate, que cobria metade do rosto. (...)

Ficou impressionada com a beleza angustiada de seu rosto. Tinha feições delicadas e refinadas. Mas foram os olhos que continuaram a assediá-la muito depois que a visão acabou. Eram olhos enormes e brilhantes, com lágrimas não derramadas, em algum ponto no espectro de cores entre o âmbar e o verde, com uma luminosidade castanho-clara extraordinária que refletia uma infinita sabedoria e uma tristeza insuportável, numa mistura comovente. (...)

Ficou em transe, paralisada, enquanto a mulher a fitava. O momento foi rompido quando a mulher baixou os olhos para a menina que puxava pela mão, com urgência. A criança também fitou-a, com aqueles enormes olhos claros que herdara da mãe. Por trás dela havia um menino, mais velho e com olhos mais escuros que os da menina, mas obviamente filho daquela mulher(...)

(...) Ela e o homenzinho contornaram uma esquina e pararam na frente de uma quadro, um retrato grande e antigo de uma mulher. O tempo, o incenso e séculos de resíduos de velas oleosas haviam impresso seu tributo sobre a obra de arte. Para ver melhor, ela teve de chegar mais perto do quadro escuro, os olhos contraídos. (...) Olhou atentamente para o quadro, um retrato antigo de uma mulher usando um manto vermelho. (...) Ao se inclinar em sua direção, verificou que a mulher usava um anel na mão direita, um disco de cobre redondo, com um padrão de nove círculos em torno de uma esfera central. Ela levantou a mão direita, a fim de comparar o anel que acabara de ganhar com o que aparecia no quadro. Os anéis eram idênticos." ( "O segredo do anel" - Kathleen McGowan)

Leitura mais que recomendada, especialmente aos que se interessam por história, sociedades secretas e o sagrado feminino. Ou para quem pelo menos gosta de uma boa história cercada de mistérios e simbologia. Um presente a leitura desse livro (que devorei em poucos dias e ele tem muitas páginas) com indicação muito mais que especial da tia Magda (que não por acaso tem esse nome...).

P.S: Magda: nome de origem inglesa. Variação ou diminutivo de Magdalena.

Um comentário:

Larissa Guiroto disse...

Oi Van!
Vou ler sua recomendação da Clarice... :D
E amei esta do post. Mas primeiro preciso terminar o que estou lendo. Retomei minhas leituras, mas acho que com um pouco de "sede" demais... rs
Estou lendo várias coisas ao mesmo tempo...

"A menina que roubava livros" é fantástico... me apaixonei.

Também estou lendo "Lua nova" (aquele best-seller adolescente, mas recomendo... ficcão tranquila de ler).

Ótimo fds!
Beiijo pra "vcs"...

PS: vamos combinar alguma coisa!! :D